
Os efeitos do Alzheimer podem começar a impactar o cérebro muito antes do que se imaginava. Um estudo recente mostra que sinais da doença podem aparecer já a partir dos 25 anos, mesmo décadas antes do diagnóstico.
A pesquisa, publicada na revista Lancet Regional Health – Americas, analisou dados de mais de mil jovens adultos com idades entre 20 e 30 anos, que participaram de entrevistas, testes cognitivos e exames físicos.
Também foram coletadas amostras de sangue e realizados testes genéticos. O objetivo foi identificar possíveis ligações entre o desempenho cognitivo e fatores de risco da doença de Alzheimer.
Sintomas do Alzheimer podem surgir muito antes do que se imaginava 5i6s6a
Os cientistas usaram como base o “escore CAIDE”, teste que avalia risco de demência com base em dados como idade, escolaridade, pressão arterial, índice de massa corporal, colesterol, nível de atividade física e a presença do gene APOE ε4, um dos principais fatores genéticos relacionados ao Alzheimer.
O estudo concluiu que esses fatores já estão associados a alterações cognitivas muito antes do que se imaginava.

“Os principais fatores de risco para a doença de Alzheimer estão associados à função cognitiva já entre 24 e 44 anos, destacando a necessidade de prevenção precoce”, afirmam os autores.
Além disso, os pesquisadores observaram que certos biomarcadores ligados à doença, além de marcadores imunológicos, já podem ser detectados em pessoas com menos de 40 anos.
Mas como saber se há risco? 1cj23
Segundo o neurologista Clifford Segil, do Providence Saint John’s Health Center, nos Estados Unidos, não existe um teste específico para Alzheimer em pessoas mais jovens.
“Quando vejo pacientes mais jovens preocupados com a possibilidade de desenvolver demência quando forem idosos, eu ‘estratifico o risco’ e faço os mesmos testes que faria em um octogenário”, explica.

Isso inclui exames de sangue para investigar possíveis causas reversíveis da perda de memória, como problemas de tireoide e deficiência de vitaminas, além de exames de imagem para checar possíveis alterações cerebrais.
O único exame genético disponível atualmente para avaliar risco precoce seria o teste do gene APOE 4, mas o médico Segil ressalta que, em pacientes jovens, um resultado positivo não tem um valor clínico claro.
Como prevenir? 3n2e40
A boa notícia é que há formas simples de cuidar do cérebro desde cedo. Para o neurologista Amit Sachdev, da Universidade Estadual de Michigan, manter o cérebro ativo é essencial.

“Isso se alcança melhor por meio da educação, mas também da socialização e das interações humanas”, afirma. Cultivar amizades e interesses variados na juventude ajuda a manter o cérebro saudável ao longo da vida.
Manter o corpo em movimento, ter uma alimentação equilibrada, evitar cigarro e reduzir o consumo de álcool também fazem diferença.
Vale ressaltar que, se houver histórico familiar de demência ou alguma preocupação, a recomendação é procurar orientação médica.